quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Recontamos/ilustramos

A girafa que comia estrelas
Era uma vez uma girafa chamada Olímpia. Era uma girafa tão alta, tão alta que quando levantava a cabeça e se punha em bicos de pés, a cabeça dela desaparecia entre as nuvens.
D. Augusta, a mãe de Olímpia não gostava nada disto, pois as nuvens são húmidas, frias e a sua filha podia ficar constipada.
Uma constipação é muito perigoso para as girafas, pois quando espirram sacodem as árvores e assustam todos os bichos.
Olímpia gostava de andar com a cabeça nas nuvens, queria ver anjos.
A Avó Rosália, pouco antes de morrer dissera-lhe que os anjos dormem nas nuvens e quando as pessoas morrem transformam-se em anjos.


Olímpia tinha saudades da avó e passava o dia inteiro com a cabeça entre as nuvens.
À noite comia estrelas, eram doces e macias. Ela comia umas e outras mais novas e mais brilhantes apareciam, mas anjos nunca lhe tinha aparecido nenhum. Um dia descobriu um ninho de uma galinha do mato no meio das nuvens. As galinhas de mato são todas pretas com pintinhas brancas, chamam-lhe galinhas pintadas.

Esta galinha era muito especial, tinha as penas muito brilhantes, com uma luz própria como o sol. Olímpia logo que a viu pensou que estava a ver um anjo.
Mas Olímpia não era um anjo, era apenas uma galinha que gostava muito de viver nas nuvens e era pouco inteligente.
Com a descoberta de anjos, com relatos de notícias vindas das nuvens altas e enormes, entre Olímpia e Margarida iniciou-se uma grande amizade.
Todas as manhãs, quando Olímpia acordava com a barriga cheia de estrelas enfiava a cabeça nas nuvens para procurar a sua amiga galinha-do-mato.


Como vivia nas nuvens, Margarida viajava muito. Mas uma linda manhã…
O céu estava limpo, sem nuvens no outro dia, no dia seguinte, dias passavam e o céu sempre azul.
Passou-se um mês e, a galinha-do-mato, a Margarida não dava sinais de vida.
Sem nuvens não há chuva e sem chuva a savana, onde Olímpia vivia começava a secar. Faltava alimentos para todos, mas Olímpia continuava gorda, era o único animal, pois havia sempre estrelas para comer.
Uma madrugada, Olímpia acordou com um cacarejar. Abriu os olhos e lá no alto, numa nuvem estava Margarida.

A girafa esticou o pescoço e foi ter com ela. Contou-lhe o que se passava na savana. Era preciso fazer chover.
Margarida pensou e teve uma ideia, parecia tola, mas se não tentassem não sabiam se resultava ou não. Juntamente com a sua amiga sopraram as nuvens, sopraram e empurraram-nas para cima da savana. Com o céu carregado de nuvens só era preciso fazer chover.
Margarida arrancou uma pena do seu corpo, esfregou-a no nariz da girafa, que imediatamente espirrou, o espirro sacudiu as nuvens e começou a chover. Choveu, choveu e a terra voltou a ter a cor verde.
Por esta razão, até hoje, as girafas são amigas das galinhas do mato.


2 comentários:

  1. Uma beleza de história que acaba bem. E as ilustrações estão de verdadeiros artistas! Parabéns!

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  2. Olá a todos.

    Gostei muito de partilhar este pequeno momento convosco.
    Obrigada pelo carinho.
    Parabéns pelos belos trabalhos realizados.

    Carla Ribeiro

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