terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O Menino Grão de Milho


Era uma vez um casal sem filhos.
Todos os dias a mulher suspirava por ser mãe.
Era tal o desejo que já se contentava com um filho do tamanho de um grão de milho.
O destino fez-lhe a vontade.
 Nasceu-lhe um menino pouco maior que um grão de milho.
O casal ficou muito feliz.
O tempo passou e o menino cresceu. Os pais achavam que o rapaz tinha dado um grande pulo, claro está, sempre em tamanho reduzido, mas nem tudo podia ser perfeito.
O menino vivia bem. Tinha um quarto muito amplo numa gaveta de um armário. A cama era uma alpercata fofinha. O lençol um lenço, toda a roupa cabia numa caixa de fósforos e tomava banho numa chávena.
À mesa juntava migalhas e estava jantado. À merenda, uma rodela de cenoura, chegava.
Apesar de ser tão pequenino era um grande trabalhador. Conduzia os bois encarrapitado numa orelha. Todos gostavam deste tão pequeno e diferente filho.

As lavadeiras gostavam tanto dele que quando por elas passava cantavam-lhe assim:
-Grão de Milho, rico filho,
Quem te queira e arrecade
Pendurado por um atilho
No refolho de um peitilho
Que se guarde, que se guarde.

Grão de Milho a tudo isto respondia:
- Eu Grão de Milho, o andarilho
Pendurado por um atilho?
Ora adeus, que se faz tarde.

O tempo foi passando e, achando-se crescido mostrou aos pais que tinha vontade de correr mundo.
Os pais ficaram numa aflição.
Certo dia, passou pela aldeia um grupo de saltimbancos a quem os pais entregaram o Grão de Milho.
Com muitas recomendações e lágrimas,  deixaram-no partir.
Pelo caminho levantou-se um grande vendaval que o atirou para uma horta.
No meio de tanta hortaliça, o menino acomodou-se numa couve.
Logo por azar, passou por ali uma vaca que a comeu.

Andava a vaca pelo pasto e dentro dela ouvia-se alguém a pedir socorro.

O lavrador achava estranho tal fenómeno e pensando que era alguma doença mandou abater o bicho. Com medo de alguma peste mandou deitar fora as tripas. Dentro delas ia o Grão de Milho.
 Nesse momento passava por perto uma raposa magricela que logo as engoliu.
Quando arrotou soltou uma vozinha a pedir socorro.
Todos fugiam da raposa, com a voz que lhe saía do seu corpo. Nunca se tinha visto tal coisa, então a raposa gritava por socorro, antes de caçar os animais.
A raposa andava morta de fome e resolveu medicar-se com areia de uma sabreira.
 Limpou, rapidamente, as tripas.
O pequeno Grão de Milho, depressa, voltou a ver a luz do Sol.

Lavou-se, recuperou as forças e entrou numa cabana abandonada.
Nessa cabana estavam três ladrões a repartir os bens dos seus roubos.
No meio de tal confusão o pequenote acordou e disse:
- Molham todos a sopa e para mim não há colherada?
Os três assustaram-se pensando que a cabana estava assombrada. Deixaram a porta aberta e um burro carregado de tesouros.
O Grão de Milho saltou para a cauda do burro, gatinhou pela garupa e gritou-lhe para ele percorrer o seu caminho.
Chegaram à estrada que ia ter à aldeia onde esta história começou.
Os pais que pensavam que nunca mais iam ver o filho, sentiram uma imensa alegria e deram uma grande festa para todos os habitantes da aldeia.

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